2.24.2014

Mata da Margaraça (PPSA)

Quando pensei em visitar a mata da Margaraça, localizada na Serra do Açor, pesquisei um pouco sobre os seus valores naturais e, repetidamente, li que se trata de uma relíquia da flora autóctone da região centro. Sem dúvida que o é.
Numa zona cada vez mais alterada por monoculturas e espécies invasoras, esta mata é um precioso reduto de biodiversidade.

Foi muito agradável percorre-la e embrenhar-me por entre as árvores, pisar a densa manta morta, atentamente descobrir os mais interessantes seres vivos (incluindo a espécie que motivou a saída). Enfim, apenas lembrar-me de que é um espaço tão pequeno e rodeado por zonas tão modificadas, pôde minimizar a alegria.

O estrato arbóreo deste bosque é dominado por Quercus robur e Castanea sativa mas a flora em geral, incluindo outras árvores e arbustos, é bastante diversa: Prunus lusitanica, Corylus avellana, A. unedo, Ilex aquifolium, Viburnum tinus, uma infinidade de fetos, muitas Primula acaulis em floração, Fragaria vescaViola riviniana...

Ilex aquifolium
Rhamphomyia sp. a polinizar Saxifraga granulata
Inúmeros líquenes e musgos cobrem totalmente os troncos das árvores. Pode observar-se, entre outros, Lobaria pulmonaria e Usnea sp.


Os excrementos e cadáveres funcionam como microhabitats instáveis e efémeros que, em pouco tempo, congregam e suportam diversos seres vivos, sobretudo dípteros e coleópteros, dos quais Trox perlatus, muito comum por esta altura, é um exemplo.

Trox perlatus sobre o cadáver de um pequeno mamífero
Este fungo saprófita de intensa cor azul tem distribuição mundial. Os Collembola quase passam despercebidos...


Plectania melastoma, um outro fungo bastante diferente mas igualmente bonito.


E, para terminar, uma larva de Salamandra salamandra.

As restantes fotos estão aqui.




2.15.2014

Saída de Campo a Cantanhede

Hoje foi dia de saída de campo com a AOSP e foi em geral bastante agradável, com largos períodos de sol e temperaturas amenas (apesar de não termos escapado a algum vento gelado e aguaceiros no final da tarde).

Visitaram-se duas zonas tipicamente calcárias e pedregosas, ambas pertencentes a Cantanhede, cuja flora é constituída por diversas plantas, das quais destaco Quercus lusitanica e Q. faginea,  Pinus pinea, Olea europaea var. sylvestrisPistacia lentiscus, Crataegus monogyna, Lonicera spp., Eryngium dilatatum, Ruta montana, Rumex spp., Helichrysum sp., Thymus spp.,  densos tapetes de Sphagnum spp. (além de líquenes igualmente vistosos como Cladonia spp.) e, o que mais me fascinou: um grande número de espécimes de Iris subbiflora.  Na segunda população que encontrámos, alguns exemplares já estavam em floração e, naquele momento, eram sobretudo polinizados por Episyrphus balteatus.

Iris subbiflora


Zambujeiro,  Olea europaea var. sylvestris


Quanto às orquídeas, havia muitos exemplares de Ophrys pintoi – a miniatura da O. fusca que refiro neste post –  em ambos os locais que percorremos, tanto já com flor como apenas as rosetas.  Algumas Ophrys tenthredinifera também já davam sinais de em breve entrarem em floração.
As restantes espécies estavam ainda sem pedúnculo, tais como a Neotinea maculata,  o que presumimos ser Aceras anthropophorum e possivelmente também Ophrys apifera.

Ophrys tenthredinifera















Ophrys pintoi
Já quase no final, encontrei uma tentativa de cópula de Brachycerus sp. Curiosamente, a fêmea estava já morta (e não é por fingimento como no caso do macho)...



2.06.2014

Tive uma breve pausa nos exames e passei o fim-de-semana de 25 e 26 de Janeiro por casa. Claro que aproveitei para passar o meu tempo livre no campo.
Os campos já começam a estar floridos e a Primavera parece estar cada vez mais próxima. Mal posso esperar! Entretanto, estas chuvas são muito úteis, como para os charcos temporários.
O seguinte foi registado na zona de Tomar, na Primavera passada e, para além de uma miríade de invertebrados, é também habitat de Triturus marmoratus e Lissotriton boscai.